"Vou Escancarar Todas as Arbitrariedades Cometidas Nesse Processo" Afirma Novo Advogado de Filipe Martins
Brasília – Em meio a um dos processos mais controversos relacionados aos atos de 8 de janeiro, o advogado criminalista Jeffrey Chiquini, novo defensor de Filipe Martins, ex-assessor especial do então presidente Jair Bolsonaro, afirmou neste domingo (07/07) que pretende “escancarar todas as arbitrariedades cometidas” na investigação conduzida contra seu cliente. A declaração, feita na rede X (antigo Twitter), levanta novas dúvidas sobre a condução das investigações e reforça uma linha de defesa centrada na ausência de provas materiais e supostos abusos processuais.
Um Caso, Muitas Camadas
Filipe Martins está entre os nomes que passaram a figurar no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta articulação de um golpe de Estado após as eleições de 2022. De acordo com o Ministério Público, ele teria participado de reuniões clandestinas com militares e auxiliado em articulações golpistas. No entanto, a nova defesa sustenta que tais alegações carecem de fundamento, e que os materiais coletados até agora mostram justamente o contrário: a inocência de Martins.
“Trata-se da maior farsa da história”, escreveu Chiquini em sua publicação na rede social. Segundo ele, os autos do processo revelam uma construção artificial de culpabilidade baseada em suposições políticas, não em evidências concretas.
Um Advogado Acostumado com Casos de Repercussão
Jeffrey Chiquini já é conhecido por atuar em defesa de outros investigados nos processos do 8 de janeiro. Entre seus clientes está o tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, apontado como integrante do grupo militar informalmente apelidado de “Kids Pretos”, também acusado de envolvimento com os planos de ruptura institucional. A experiência acumulada por Chiquini em casos de alta complexidade jurídica e implicações políticas tem sido um trunfo na condução da defesa de Martins.
Ao assumir publicamente a estratégia combativa que pretende adotar, Chiquini sugere que as investigações contra seu cliente são marcadas por perseguição política e irregularidades processuais. A fala repercutiu fortemente entre perfis bolsonaristas nas redes sociais, muitos dos quais passaram a compartilhar a publicação com duras críticas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
"Já me inteirei de toda a acusação contra Filipe Martins e das provas que demonstram sua inocência. Trata-se da maior farsa da história do processo penal brasileiro.
É ABSURDO o que fizeram com ele. Filipe é escancaradamente inocente. Foi selecionado e torturado exclusivamente para delatar Bolsonaro, mas, como é um sujeito homem, não cedeu à Gestapo. Quando se recusou a se render, foi jogado, sem qualquer justificativa, em uma solitária sem luz por 10 dias.O Brasil não sabe nem 10% do que realmente é esse caso. Vou escancarar todas as arbitrariedades cometidas nesse processo."
Supostas Inconsistências nas Acusações
A defesa de Martins já apresentou uma série de elementos técnicos para contestar a narrativa da acusação. Entre as provas elencadas estão:
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Registros de voo e recibos de passagens aéreas
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Trajetos de transporte e hospedagem
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Dados da alfândega dos Estados Unidos, que contradizem a hipótese de entrada clandestina em Orlando
Segundo Chiquini, não há sequer uma prova material concreta que aponte para a participação de Martins em qualquer plano golpista. “O que existe é uma acusação frágil, montada com base em suposições políticas e distorções de fatos”, afirmou.
Além disso, a defesa recorreu ao Supremo pedindo a nulidade da prisão preventiva aplicada a Martins — que, segundo argumentam, foi mantida por mais de 100 dias sem denúncia formal, o que configura, de acordo com a defesa, abuso de autoridade.
Críticas Diretas ao STF e ao Ministro Relator
A condução do processo pelo ministro Alexandre de Moraes também foi alvo de críticas contundentes por parte de Chiquini. O advogado contesta, por exemplo, a rejeição de documentos fornecidos por autoridades alfandegárias dos EUA, que atestariam a legalidade da entrada de Martins no país. Também questiona o uso de poderes extraordinários pelo relator, o que teria prejudicado o direito de defesa e cerceado o contraditório.
Esses argumentos são reforçados por analistas e juristas que vêm observando o processo com apreensão. Muitos apontam para um cenário de "julgamentos de exceção", em que o rito jurídico convencional estaria sendo substituído por decisões monocráticas e uma excessiva concentração de poder nas mãos do relator.
Mobilização Política e Jurídica
À medida que o caso ganha mais atenção, cresce também a mobilização de apoiadores, parlamentares e especialistas em direito penal, que questionam a legalidade das medidas aplicadas contra Filipe Martins. O tom adotado por Chiquini deixa claro que sua atuação será pautada por confrontos jurídicos intensos e denúncias públicas de possíveis abusos institucionais.
A narrativa da defesa ecoa com força em grupos que denunciam a “instrumentalização do Judiciário” para fins políticos. Segundo essa perspectiva, a prisão de Martins e as acusações contra ele fariam parte de um esforço para criminalizar figuras associadas ao governo Bolsonaro, especialmente em um momento de polarização política no país.
O Que Esperar dos Próximos Capítulos
Ainda que os processos decorrentes dos atos de 8 de janeiro estejam em fases distintas e avancem de forma fragmentada, a entrada de Chiquini no caso pode alterar os rumos da defesa de Filipe Martins. Sua estratégia, que une tecnicalidade jurídica com exposição pública dos bastidores do processo, visa atrair não apenas a atenção da Justiça, mas também da opinião pública.
Enquanto isso, o STF segue com os julgamentos relacionados ao caso. Filipe Martins continua como réu, mas agora com uma nova linha de defesa, que promete contestar duramente a legalidade de cada etapa do processo.
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